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sexta-feira, 13 de maio de 2016

13 de maio sui generis, porém igual em suas desigualdades





Por Júlio Evangelista Santos Júnior *

13 de maio sui generis por se tratar do primeiro dia de um novo momento para uma república que insiste em não amadurecer. Ao passo que  lutamos cotidianamente contra o racismo denunciando as estruturas discriminatórias das instituições brasileiras  em seu Estado de Direito, se comprova nossa tese de que a democracia brasileira passeia entre os conceitos da perfídia e do oportunismo plutocrático, pois além de não respeitar os passos vagarosos da igualdade material, também não respeita o sistema de freios e contrapesos onde o controle do poder pelo próprio poder ainda possui uma visão racista, machista, eurocêntrica, brancocêntrica de relações, ações e atitudes.
Ou seja, embora cada poder seja independente e autônomo, deveria trabalhar em harmonia com os demais Poderes, respeitando os fundamentos e objetivos fundamentais da nossa Carta Magna, o que no Brasil , além de não acontecer, parece esquecer daquilo que parece óbvio, qual seja,  o bem estar comum das pessoas cada vez mais desacreditadas do sistema político vigente e das suas representações nestes espaços de Poder.
Na esteira de uma libertação inconclusa e de uma república democrática que ainda não entendeu sua prerrogativa funcional, tem-se um desaolador panorama social onde pretos e pardos continuam à deriva com seus direitos mais humanos não garantidos e profundamente desrespeitados por aqueles que, por ofício, deveriam trabalhar para que algo fosse mudado, evidenciando e agravando, cada vez mais, os índices assustadores de vulnerabilidade social com os quais nos deparamos a cada estudo, a cada análise e a cada morte por causa externa não explicada, sempre maquiada, quer seja pela notícia que tem lado, pelo imaginário social coletivo que tem cor  e pela opinião pública vendada, vendida e iludida.
Pela luta contra o cotidiano luto, por longevidade e empoderamento. Assim continuamos e honraremos.

* Júlio Evangelista Santos Júnior  é Advogado, tecnólogo em Informática com ênfase em Gestão de Negócios, pós-graduando em Direito Constitucional Aplicado e também sobre Igualdade Racial na Escola,  militante do Movimento Negro, poeta, sambista, candomblecista, membro efetivo da Comissão da Igualdade Racial e presidente da Comissão Especial da Verdade sobre a Escravidão  da OAB SP Subseção Santos, Coordenador do Projeto Educafro Regional Baixada Santista, Conselheiro de Promoção da Igualdade Racial em Cubatão, Coordenador da Câmara Temática Especial de Igualdade Racial do CONDESB e Diretor do Departamento de Igualdade Racial e Étnica da Prefeitura Municipal de Cubatão/SP.