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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

domingo, 20 de novembro de 2011

Consciência Negra é igualdade!!!!

             Zumbi morreu por nós também! Ele acreditava que a liberdade era  um estado físico que independia da origem étnica ou da condição social. Ele pensava, e agia, para além da libertação dos corpos. Fazia a guerra pensando na paz, prosperava no combate porque, além de diferenciado na arte da guerra, amava a todos e todas indistintamente.
            Quando não concordou com Cangazumba, não estava rompendo com a ancestralidade, tampouco desonrando o código de ética e de luta da armada palmarina. Era necessária a ruptura, era necessária a consciência crítica divergindo do senso comum, do engodo ao deslumbre, do desmanche do paradigma para se estabelecer um novo olhar, uma nova perspectiva.
            Vingou sua luta, honrou seu legado. Somos hoje um povo de mente colonizada e subconsciente racista. Infelizmente. Absolutos líderes dos indicadores sociais negativos, acostumados com o revés cotidiano, mas que mesmo assim, não nos rendemos à desigualdade social, que lutamos contra o racismo institucional, contra a hipocrisia brutal. Inconscientemente, sim resistimos, inadvertidamente, sem dúvida, sobrevivemos.
            Nossa miscigenação não nos torna todos pretos, tampouco brancos, muito menos pardos. Não salva os de pele mais clara dos aspectos cognitivos de um efeito psicossocial prejudicial  que se reproduz inconscientemente, que se alastra sorrateiramente. Quem é negro e não sabe é tão vítima quanto o militante que se indigna, quanto a mulher negra que sofre na base da pirâmide social, quanto o branco consciente que não consegue colaborar ou ajudar a eliminar o trauma, o resquício. Havemos de deixar o tempo passar, mas sem esconder  mais o assunto. Exigimos as reparações e não entendemos os diferentes porquês, mas mesmo assim os reconhecemos legítimos e a justiça nos ampara e respalda.
            A Assembléia Geral das Nações Unidas proclamou o ano de 2011 como o Ano Internacional dos Afrodescendentes, com objetivo de promover reflexão quanto à reafirmação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, na qual segundo a Organização das Nações Unidas - ONU todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos e que toda pessoa tem todos os direitos e liberdades nela enunciadas, sem distinção alguma. Ano difícil esse hein, onde a Lei é aprovada, mas não temos o feriado. Desafio legislativo, parlamentarizado e de êxito parcial. Queremos a parte que nos cabe, protocolamos quase tudo nas conferencias e  nos debates. Amadurecemos ao longo dos últimos decênios nossas reivindicações e participamos ativamente do processo de mudança: Estatuto, feriado, cotas, reserva de vagas, reconhecimento das terras remanescentes de quilombos, ADIN´s, ações afirmativas, reparações.  Quase 4 séculos de um tipo de escravidão que desde a sua abolição ainda não vimos a igualdade, nem vimos, na verdade, o que aconteceu de fato e o que temos por direito....Abdias que se foi, igualdade que não vem, feriado paradigmático, simbologia

            “....irmão, me ajuda aqui, quero contar uma história, mas queimaram o livro. A oralidade é nossa arte, mas me ajuda com o que eu não lembro, me ensina a lembrar do que é meu, do que o Brasil esqueceu e faz questão de não lembrar....”

            Valeu Palmares, inspirando minha ação, sempre!!!!

domingo, 3 de abril de 2011

Educafro Regional Baixada Santista - 11 anos: educação alternativa que é referência!!!


Educafro Regional Baixada Santista - 11 anos: educação alternativa que é referência!!!
Por Tumbi Are Nagô de Oyò *

1º de abril de 2011. Sempre ressalvando o estado de exceção que vivemos dentro do próprio Estado Democrático de Direito Brasileiro, por conta do racismo institucional que mata e que, quando não mata marginaliza, temos sim motivos e o  vital dever de continuarmos nossa luta cotidiana contra o racismo e todas as formas de discriminação. E é fato que um destes motivos é fazer parte do Projeto Educafro, que no dia supracitado completou 11 anos de existência aqui na Baixada Santista. Pensar e fazer valer um projeto plural e coletivo não é pra qualquer cidadão ou cidadã. Plural porque converge em si as mais variadas matizes e vertentes: políticas, ideológicas, religiosas e culturais; dentro de uma única frente, de um único fronte, de uma única trincheira. E coletivo porque consegue unir as diferenças em uma mesma direção : a universidade pública , a formação cidadã e a desenvolvimento pessoal e profissional dos familiares Educafro. Familiares porque somos uma família sim, por mais que alguns, mesmo assim não se considerem, até estes são nossos irmãos. Com todas as contradições que as relações sociais mais íntimas ou menos formais permitam, todos somos malungos em terras tupiniquim. Somos uma democracia participativa onde o mais velho é tão importante e colaboracionista quanto o mais novo. Somos a proposta de uma república verdadeiramente livre, assim como fora Palmares e quase todas as outras três mil e quinhentas terras remanescentes de quilombo catalogadas pela SEPPIR (dados atualizados). Não temos todas as soluções para os infindáveis problemas sociais que nos cercam, mas temos certeza que, pelo menos, sem corrupção, racismo, machismo,homofobia, xenofobia, intolerância religiosa e todas as demais  intolerâncias correlatas, nossa sociedade brasileira seria a mais avançada do mundo e não a quinta colocada mundial em números de mortes . Portanto nestes 11 anos de Educafro na Regional Baixada Santista eu aqui manifesto minha alegria por estar sendo sujeito da minha própria história, protagonizando meus erros e acertos, podendo estar gozando da liberdade e  democracia necessárias para poder me expressar como, quando e onde eu quiser. Somos ainda um povo de mente colonizada e subconsciente racista sim, sem dúvida alguma, mas nada acontece por acaso e por isto que nossa raça ainda está aqui, lutando contra a morte, contra a marginalização e contra o pensamento colonizado. Parabéns Educafro Baixada pelos 11 anos de vida. Valeu Zumbi, Dandara, Acotirene e todos e todas aqueles que se sacrificaram para eu poder estar escrevendo essas pobres linhas num computador barato dentro do conforto do meu lar, o meu eterno muito agradecimento! “Chê, Zumbi, Dandara e Antônio Conselheiro na luta por justiça já são 11 anos  meus amigos, meus companheiros!!!”

Tumbi Are Nagô de Oyò, também conhecido como Júlio Evangelista Santos Júnior é militante do movimento negro, coordenador e professor do Projeto Educafro – Regional Baixada Santista.

Valeu Matilde Ribeiro!!!!

No último dia 30 de março nós, da Educafro Regional Baixada Santista, homenageamos Matilde Ribeiro, ex-Ministra da Igualdade Racial, vejam o texto que elaborei para a placa que entregamos a ela em Cubatão:


Título: A força de uma guerreira.....

O Projeto Educafro Regional Baixada Santista tem a honra de homenagear essa guerreira candace, herdeira de reinos e impérios, que nos abrilhantou com sua importantíssima contribuição para a promoção da igualdade racial no Brasil quando à frente da SEPPIR. Uma mulher negra consciente da exclusão social, do racismo brutal, do machismo espontâneo e da desigualdade hipócrita que compõem as relações sociais brasileiras. Não se curvou diante dos poderosos invisíveis e indubitavelmente representou a nossa ancestralidade nagô presente em cada ato de sua gestão, em cada palavra de suas brilhantes intervenções nos espaços de poder. Seu legado é importante e parte da nossa história de luta e sobrevivência em um país de mente ainda colonizada e subsconsciente racista.

Matilde Ribeiro, a nossa humilde homenagem!!!

Educafro Regional Baixada Santista

Plantando o futuro.....

Vinte de novembro de 2010 na Praça Palmares no municio de Santos, litoral de São Paulo, participei das atividades alusivas à Semana da Consciência Negra de Santos antes de ir para as atividades da Educafro em São Vicente, também no litoral de São Paulo. Esta é uma foto de uma das atividades que rolaram por lá. Significativíssima essa atitude das religiões de matriz africana presentes. Para um povo, público-alvo do genocídio insitucionalizado, plantar o bem é plantar o futuro e garantir que nossa história jamais seja desrespeitada novamente como o foi e vem sendo. Estamos mudando muita coisa, mas ainda há muito o que se fazer. Fé na vitória!!!!!